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(06) Dr. Eduardo Mascarenhas

O C.B.P. (I.N.N.G.) tem a honra de Homenagear um Grande e Humilde Divulgador e popularizador da Psicanálise no Brasil e no Exterior.

DR.EDUARDO MASCARENHAS.gif

(In memoriam)

Dr.Eduardo Mascarenhas (Rio de Janeiro, 6 de julho de 1942 – Rio de Janeiro, 29 de abril de 1997) foi um psicanalista, médico, articulista, escritor e político brasileiro, humilde, inteligente, estadista e acima de tudo, honesto e que não deixou-se envolver por Sociedade, e Grupelhos que se diziam proprietários da Psicanálise.

(in memoriam)

 

Famoso na década de 1980 pela participação em vários programas de TV, como o TV Mulher, Eduardo Mascarenhas sofreu por ter denunciado, junto com Hélio Pellegrino, a conivência do então presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise com Amílcar Lobo e com as torturas praticadas durante o regime militar, chegando a ser expulso daquela associação.

 

Foi casado com a atriz Christiane Torloni na mesma época. Escreveu três livros sobre assuntos relativos à psicanálise: Emoções (1986), Cartas a um Psicanalista (1986) e Alcoolismo, Drogas e Grupos Anônimos de Ajuda Mútua (1990). Manteve, também, até sua morte, colunas em revistas femininas, como Cláudia e Contigo !.

 

Filiou-se ao PDT em 1989, pelo qual foi eleito deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro em 1990, chegando a ser vice-líder da bancada do partido na Câmara.Mudou para o PSDB em 1993, por onde foi reeleito deputado no ano seguinte. Não conseguiu terminar o segundo mandato, por ter falecido de câncer em 29 de abril de 1997, aos 54 anos.

(*) Eduardo Mascarenhas (1942-1997) foi um grande popularizador da psicanálise no Brasil.


O excelente texto abaixo faz parte de seu livro "Emoções no Divã". Bastante criticado pelo meio psicanalítico ortodoxo, na época bastante elitista. Entretanto, apesar de seu texto ser fácil e popular, está longe de ser raso. Mascarenhas participou de diversos programas de TV nos anos 80, foi casado com a atriz Cristiane Torlone, deixou dois filhos, e era deputado federal quando faleceu, precocemente, de câncer.

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Uma década de Falecimento.

 

No ano em que se completa uma década da morte do psicanalista Eduardo Mascarenhas, Faces do Amor: Escolhas, Desejos e Outras Inquietudes promove o reencontro do público com o autor. Pioneiro da popularização da psicanálise no Brasil, com colunas em diversos jornais e participações na TV, Mascarenhas ficou conhecido por desvendar os conflitos da alma em linguagem fácil e bem-humorada. As 35 crônicas reunidas neste primeiro livro lançado após a sua morte focalizam o mais popular e inquietante de seus temas: o relacionamento amoroso.

 

Com visão aguda, leveza e disposição para enfrentar polêmicas, o psicanalista oferece ao leitor comum material para refletir sobre questões espinhosas, como homossexualidade, complexo de Édipo, incesto, narcisismo, ciúme, posse, frigidez, sadismo e masoquismo, entre muitas outras inquietudes.

 

Convite a Freud a beber cerveja com os brasileiros.

 

Há uma boa razão para lembrar quem foi o homem que convidou Freud para beber umas cervejas com os brasileiros: Eduardo Mascarenhas teria feito aniversário no último dia 6. Apenas 68 anos. E pensar que ele já morreu há 13 anos, em abril, vítima de um câncer avassalador.

 

O psicanalista reunia os adjetivos magnéticos para as mulheres. Era bonito, charmoso, alegre e inteligente.

 

Escolheu três para compartilhar a vida: a também psicanalista Ana Lúcia Magalhães

Pinto, a atriz Christiane Torloni e a coreógrafa Regina Miranda. Do relacionamento de 15 anos com Ana Lúcia, nasceram Manuela e Luisa (foto), atualmente, com 34 e 32 anos, respectivamente.

 

Em 2007, as meninas – que, na verdade, já são mães – organizaram uma coletânea de artigos do pai num livro chamado ‘Faces do amor’. Viveu sua última década ao lado de Regina e teve mais uma filha, Antônia, hoje com 21 anos.

 

“O Eduardo tinha um extraordinário senso de humor, era uma pessoa original, com um olhar super-revelador sobre a vida e sobre as pessoas. A convivência com ele era divertidíssima, enriquecedora e revolucionava conceitos e visões dos que estavam a sua volta”, rebobina Ana Lúcia, coordenadora geral do Polo de Pensamento Contemporâneo (POP), no Jardim Botânico. Os dois se conheceram em Petrópolis, na casa de uma amiga em comum. Ele estava com 22 anos e ela, com 16. “Acho que nossa ligação posterior com a psicanálise foi mais um ponto de união”, diz. Os dois compartilhavam o interesse por livros – os dele, científicos, históricos e filosóficos – e também por ópera, jazz e música popular brasileira. Eduardo torcia pelo Botafogo Futebol Clube e pela Estação Primeira de Mangueira. Sem fanatismos.

 

Era um cara que amava a cidade, as praias cariocas, o frescobol e, sobretudo, prosear com os amigos no bar. Os mais caros eram o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor e os psicanalistas Fábio Lacombre, Carlos Alberto Py e Hélio Pellegrino, com quem tinha um parentesco adquirido, já que este era casado com uma prima dele.

 

Teve consultórios em Botafogo e Ipanema, por onde circulavam estrelas e socialites. Falava inglês com fluência conquistada ainda na juventude, quando estudou em Boston, nos Estados Unidos, e viajava mais a trabalho do que para se divertir ou descansar. Dono de um ego expressivo que lhe rendeu o apelido de Egoardo,  era curiosamente fascinado pela alma das pessoas e nunca perdeu o interesse pelo outro. Entrou para a história como alguém que acreditava na psicanálise ao alcance de todos, “adaptada a uma realidade morena, brasileira e tropical”, como gostava de dizer.

 

Graduação em Medicina Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),com formação pela Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro (SPRJ), Eduardo trabalhou para popularizar as ideias freudianas e virou figurinha fácil na televisão, em programas como TV Mulher (Globo), Sem Censura, Jornal da Manhã e Interiores (TVE, atual TV Brasil) e Bate-boca (Manchete). Entre um artigo e outro que escrevia para os jornais Última Hora e O Dia e para as revistas Cláudia e Contigo, reunia farto material para os seus livros. O primeiro da trilogia psicanalítica, lançado em 1985, entrou rápido na lista de best-sellers: Emoções no divã de Eduardo Mascarenhas.

Um intelectual de esquerda.

 

A essa altura, ele e Pellegrino já haviam sido expulsos da Sociedade Brasileira de Psicanálise porque questionaram o poder dos analistas didatas, com cargos vitalícios, nas associações. Um pouco depois, ingressou na cena política de corpo e alma. Recebeu o apoio de amigos, entre eles a mulher, Christiane Torloni, e o ex-sogro, Magalhães Pinto. “Ele sempre me dizia que eu ia acabar entrando na política. Ele é um liberal clássico, enquanto sou um intelectual de esquerda, um socialista democrático”, afirmou Eduardo, numa entrevista. Na ocasião, Torloni pontuou: “Ele, há muito tempo, inconscientemente, era um político porque trabalha com a felicidade do ser humano”.

 

Quando casou com a atriz, Eduardo estava com 40 anos, e ela, com 26. Eduardo morava na Lagoa e o apartamento acolhia com folga as filhas dele e os filhos dela, os gêmeos Leonardo e Guilherme, da união com o diretor Dênis Carvalho. A respeito da participação ativa de Torloni na sua campanha eleitoral, o psicanalista declarou: “Ela é muito conhecida e faz mais sucesso que eu onde nos apresentamos. Christiane é meu cabo eleitoral, mas sem a pretensão de ser uma superstar. Ela não está fazendo política por demagogia, mas por ser este um sentimento verdadeiro dela”. Em 1986, conheceu Regina Miranda e se encantou pela dança: “Não posso sonhar em fazer o que Regina faz no palco, mas gosto de expressar nossa parceria dançando com ela na vida”, costumava dizer aos amigos. Neste ano, publicou ‘A costela de Adão – Cartas a um psicanalista’, e, em 1990, ‘Alcoolismo, drogas e grupos anônimos de ajuda mútua’.

 

Ideias.

 

Deve ter sido interessante para o psicanalista escrever justamente sobre álcool, levando-se em conta que ele estava, usando um termo da década, ‘na crista da onda’ e era convidado para a maioria das festas, nos endereços e com as personalidades mais badaladas do momento. “Eduardo nunca foi contra o álcool, mas sabia da devastação que pode acontecer quando alguém sofre de alcoolismo. Ele usou seu conhecimento e seu prestígio para indicar soluções. Até hoje pessoas me ligam para agradecer”, conta Regina. A chegada dos anos 90 trouxe a política de vez para o centro de atuação de Eduardo. Com audácia, ele convidou Regina para coordenar sua campanha eleitoral. “Primeiro levei um susto: afinal, uma coreógrafa dirigindo uma campanha eleitoral? Mas não apenas a experiência foi bem sucedida, como me deu a oportunidade de expandir o meu campo de trabalho, que passou a incluir a coreografia social e a diplomacia cultural”, diz ela, atual diretora do The Laban/ Bartenieff Institute of Movement Studies (LIMS), em Nova York, e coordenadora do coletivo Cidade Criativa: Transformações Urbanas, no Rio de Janeiro.

 

Troca ConsultóRio/Gabinete.

 

Eduardo trocou o consultório pelo gabinete com tranquilidade. Entre 1991 e 1994, foi suplente na Câmara Federal pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). Em 1993, migrou para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e se reelegeu deputado para a legislatura de 1995 a 1998. Em 1994, lançou mais um livro, ‘Brasil, de Vargas a Fernando Henrique’, sobre a vida política e econômica brasileira. Tudo corria bem até que um câncer interrompeu a sessão de Eduardo Mascarenhas. Na véspera de mais um aniversário de nascimento do ex-marido, Ana Lúcia Magalhães Pinto analisa: “Acho que ele pensava em viver muito, mas, acima de tudo, em viver intensamente como viveu, cheio de entusiasmo, criatividade e generosidade. As expectativas eram muitas, ele sempre foi do muito. Era determinado e dedicado à profissão, tanto como psicanalista quanto como deputado. Não fazia nada pela metade”.

 

Publicada na revista Carioquismo.

 

No ano em que se completa uma década da morte do psicanalista Eduardo Mascarenhas, Faces do Amor: Escolhas, Desejos e Outras Inquietudes promove o reencontro do público com o autor. Pioneiro da popularização da psicanálise no Brasil, com colunas em diversos jornais e participações na TV, Mascarenhas ficou conhecido por desvendar os conflitos da alma em linguagem fácil e bem-humorada. As 35 crônicas reunidas neste primeiro livro lançado após a sua morte focalizam o mais popular e inquietante de seus temas: o relacionamento amoroso. Com visão aguda, leveza e disposição para enfrentar polêmicas, o psicanalista oferece ao leitor comum material para refletir sobre questões espinhosas, como homossexualidade, complexo de Édipo, incesto, narcisismo, ciúme, posse, frigidez, sadismo e masoquismo, entre muitas outras inquietudes.

 

Ideias.

 

Dr. Eduardo Mascarenhas: Médico E Psicanalista.

 

Alcoolismo não é um vício, é uma doença. É preciso que a gente perceba essa sutil diferença, porque ela acaba criando as maiores confusões.

 

Vício é uma palavra que traz em si uma série de significações negativas, depreciativas e completamente injustas com pessoas que tiveram a infelicidade de sofrer a doença. Poderia ser diabetes, hipertensão, reumatismo, só que é alcoolismo. Se o vício, por um lado, recebe um aspecto correto do alcoolismo, que é a compulsão irresistível de beber, por outro estigmatiza o alcoólico como um fraco de caráter. Ora, convenhamos, não é nada disso.

 

Ninguém se torna alcoólico porque quer, torna-se alcoólico simplesmente porque apesar de todos os mais sinceros e comoventes esforços, não consegue deixar de beber.

 

Poder-se-ia argumentar, então, por que começou a beber?

 

Ora, quem aos 15 anos não começa a tomar seus chopinhos depois da praia, seu cuba-libre nas festinhas, sua caipirinha de vodka ou cachaça, seus vinhosinhos no natal? Se tiver mais grana, quem não tomará seu champanhe na passagem do ano? Seu uísque no baile? Quem iria adivinhar que, anos depois, se tornaria um alcoólico? Deixemos, pois, de ser hipócritas e de sair pichando, estigmatizando os outros por suas dificuldades.

 

Se o alcoólico bebe, não é por falta de vergonha na cara. Bebe descontroladamente porque possui uma doença que pode acometer qualquer um: o alcoolismo.

 

Aliás, falta de vergonha na cara, é sair por aí encontrando explicações fáceis e cômodas para problemas difíceis e incômodos. Você que está lendo esta coluna e eu que a estou escrevendo, que, moderadamente, entornamos socialmente nossas gostosas doses em ocasiões sociais, podemos, perfeitamente, sem percebermos, nos tornar amanhã escravos do álcool. Podemos perfeitamente padecer desta doença – o

alcoolismo – e simplesmente não sabemos.

 

Se 87% de nós jamais beberão descontroladamente, 13% o farão. Tudo muito lotérico. É mais fácil se tornar alcoólico do que acertar no bicho. É infinitamente mais fácil do

que acertar na quina da loto. Portanto, mais delicadeza no nosso julgamento não fará mal a ninguém. Inclusive a nós mesmos, pois quem com julgamentos apressados fere com julgamentos apressados poderá ser ferido. 

 

CRÉDITOS

 

https://alcoolicosanonimos.wikidot.com/visoes-sobre-o-aa


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